Hubble Capta Imagem de Galáxia Espiral Peculiar: Um Retrato Cósmico de Arp 184
Num bailado silencioso a 190 milhões de anos-luz da Terra, no recanto celeste da constelação da Girafa (Camelopardalis), a galáxia Arp 184 — também conhecida como NGC 1961 — revela-se numa nova imagem deslumbrante captada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA. Com um perfil assimétrico e uma beleza inquietante, esta galáxia espiral parece desafiar as regras clássicas da morfologia galáctica.
Arp 184 não é uma galáxia qualquer. O seu nome deriva do “Atlas of Peculiar Galaxies”, uma obra-prima compilada em 1966 pelo astrónomo Halton Arp, que reuniu 338 galáxias de formas incomuns — híbridos cósmicos que não se encaixam inteiramente nas categorias de galáxias espirais ou elípticas. Muitas destas galáxias encontram-se em processos de interação gravitacional com vizinhas celestes; outras são galáxias anãs desestruturadas, como se o Universo as tivesse esboçado a meio de um devaneio.
Arp 184 foi selecionada para este atlas precisamente pela sua forma inusitada: exibe um único braço espiral largo, cravejado de estrelas jovens e brilhantes, que parece estender-se na direção da Terra. Do lado oposto, o cenário muda — apenas ténues fiapos de gás e estrelas marcam presença, sem um braço espiral correspondente, o que confere à galáxia uma assimetria arrebatadora e, ao mesmo tempo, misteriosa.
A imagem agora divulgada resulta da combinação de dados de três programas de observação Snapshot, breves sessões fotográficas que o Hubble realiza durante intervalos entre outras missões de longa duração. Um destes programas teve como foco a beleza estranha de Arp 184, inserida tanto no atlas original de Arp como também no “Catalogue of Southern Peculiar Galaxies and Associations”, uma expansão do trabalho original desenvolvida com o astrónomo Barry Madore.
Os dois outros programas Snapshot procuravam os vestígios de fenómenos astronómicos de curta duração, como supernovas ou eventos de perturbação de maré — situações extremas em que um buraco negro supermassivo destrói uma estrela que se aproxima em demasia. Arp 184, como se fosse palco de tragédias estelares recorrentes, registou quatro supernovas nas últimas três décadas, tornando-se assim um terreno fértil para o estudo destes eventos violentos e luminosos.
Esta imagem de Arp 184 é mais do que um registo visual; é um testemunho da complexidade do cosmos e da persistência humana em compreendê-lo. Através da lente do Hubble, vemos não só a forma da galáxia, mas também os seus segredos, os seus passados explosivos e a sua singularidade estrutural. E, como tantas vezes acontece na astronomia, quanto mais nos aproximamos da beleza do Universo, mais ele nos recorda o quanto ainda temos por descobrir.
Hubble Capta Imagem de Galáxia Espiral Peculiar: Um Retrato Cósmico de Arp 184

Fontes: Nasa
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